25 março 2024

Dia de Ler Tolkien (Tolkien Reading Day) 2024

 


Saudações caros leitores, foi exatamente em 25 de Março que o Um Anel foi destruído, causando a derrota definitiva de Sauron. Essa foi a data escolhida pela Tolkien Society da Inglaterra para comemorar o “Dia de Ler Tolkien” (Tolkien Reading Day). Onde fãs, entusiastas e estudiosos da obra do Professor Tolkien se reúnem para ler trechos de seus livros. Todos os anos um novo tema é abordado e o escolhido para esse ano é “Service and Sacrifice” (Serviço e Sacrifício).
Há diversas passagens em seus livros com exemplos de heroísmo, onde podemos destacar “Serviço e Sacrifício”. O trecho que escolhi é um dos mais impactantes de “O Senhor dos Anéis” entre tantos que vemos no decorrer da história...


“A figura veio para a extremidade do fogo e a luz se apagou, como se uma nuvem tivesse coberto tudo. Então, com um movimento rápido, pulou por sobre a fissura. As chamas bramiram para saudá-la, e se ergueram à sua volta; uma nuvem negra rodopiou subindo no ar. A cabeleira esvoaçante se incendiou, fulgurando. Na mão direita carregava uma espada como uma língua de fogo cortante; na mão esquerda trazia um chicote de muitas correias.
—Ai! Ai! — gemeu Legolas. — Um balrog! Um balrog vem vindo!
Gimli olhou com os olhos esbugalhados.
—A Ruína de Durin — gritou ele, deixando cair o machado e cobrindo o rosto.
—Um balrog! — murmurou Gandalf. — Agora eu entendo. — Perdeu o equilíbrio e se apoiou no cajado. — Que má sorte! E eu já estou exausto!
A figura escura, envolvida em fogo, corria em direção a eles. Os orcs gritavam e avançavam para a passarela de pedra. Então Boromir levantou sua corneta e a tocou. Forte o desafio soou e retumbou, como o grito de muitas gargantas sob o teto cavernoso. Por um momento os orcs estremeceram e a figura de fogo parou. Então os ecos se extinguiram de repente como uma chama apagada por um vendaval, e o inimigo avançou outra vez.
—Para a ponte! — gritou Gandalf, recobrando as forças. — Fujam!Este é um inimigo além das forças de qualquer um de vocês. Preciso proteger o caminho estreito. Fujam!
Aragorn e Boromir não obedeceram ao comando, e ainda ficaram onde estavam, lado a lado, atrás de Gandalf na extremidade oposta da ponte. Os outros pararam bem na passagem na ponta do salão e se viraram, incapazes de deixar seu líder sozinho, enfrentando o inimigo.
O balrog alcançou a ponte. Gandalf parou no meio do arco, apoiando-se no cajado com a mão esquerda, mas na outra mão brilhava Glamdring, fria e branca. O inimigo parou outra vez, enfrentando-o, e a sombra à sua volta se espalhou como duas grandes asas. Levantou o chicote, e as correias zuniram e estalaram.
Saía fogo de suas narinas. Mas Gandalf ficou firme.
—Você não pode passar — disse ele. Os orcs estavam quietos, e fez-se um silêncio mortal. — Sou um servidor do Fogo Secreto, que controla a chama de Anor. Você não pode passar. O fogo negro não vai lhe ajudar em nada, chama de Udún. Volte para a Sombra! Não pode passar.
O balrog não fez sinal de resposta. O fogo nele pareceu se extinguir, mas a escuridão aumentou. Avançou devagar para a ponte, e de repente saltou a uma enorme altura, e suas asas se abriram de parede a parede, mas ainda se podia ver Gandalf, brilhando na escuridão; parecia pequeno, e totalmente sozinho: uma figura cinzenta e curvada, como uma árvore encolhida perante o início de uma tempestade.
Saindo da sombra, uma espada vermelha surgiu, em chamas. Glamdring emanou um brilho branco em resposta.
Houve um estrondo e um golpe de fogo branco. O balrog caiu para trás e sua espada voou, partindo-se em muitos pedaços que se derreteram. O mago se desequilibrou na ponte, deu um passo para trás e mais uma vez ficou parado.
—Você não pode passar! — disse ele.
Num salto, o balrog avançou para cima da ponte. O chicote zunia e chiava.
—Ele não pode ficar sozinho! — gritou Aragorn de repente, correndo de volta ao longo da ponte. — Elendil! — gritou ele. — Estou com você, Gandalf!.
—Gondor! — gritou Boromir, correndo atrás dele.
Nesse momento, Gandalf levantou o cajado e, gritando bem alto, golpeou a ponte. O cajado se partiu e caiu de sua mão. Um lençol de chamas brancas se ergueu. A ponte estalou. Bem aos pés do balrog se quebrou, e a pedra sobre a qual estava caiu no abismo, enquanto o restante ficou, oscilando, como uma língua de pedra estendida no vazio.
Com um grito horrendo, o balrog caiu para frente, e sua sombra mergulhou na escuridão, desaparecendo. Mas no momento em que caía, brandiu o chicote e as correias bateram e se enrolaram em volta dos joelhos do mago, arrastando-o para a borda. Ele perdeu o equilíbrio e caiu, agarrando -se em vão à pedra, e escorregou para dentro do abismo.
—Fujam, seus tolos!—gritou ele, e desapareceu.
As chamas se apagaram, uma escuridão vazia dominou o ambiente. A Comitiva ficou presa ao solo, horrorizada, olhando para o buraco. No momento em que Aragorn e Boromir voltavam correndo, o resto da ponte se partiu e caiu. Com um grito, Aragorn os despertou.
—Venham! Vou conduzi-los agora! — chamou ele. — Devemos obedecer à última ordem dele. Sigam-me!”

O Senhor dos Anéis
A Sociedade do Anel - Livro II
Capítulo V - A Ponte de Khazad-Dûm


Além de suas postagens comemorativas em suas redes sociais e através do Prancing Pony Podcast e A Long-Expected Soundscape, a Tolkien Society incentiva que escolas, museus e bibliotecas realizem seus próprios eventos nesse dia, convocando que os leitores em todo mundo compartilhem seus trechos favoritos nas redes sociais usando a hashtag #TolkienReadingDay2024.
Escolha sua passagem favorita e vamos todos celebrar mais uma vez a obra do Mestre Tolkien.

At the Bridge - Ted Nasmith


 

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