Entrevista: Ricardo Beluchi – Falcon - O Herói de Verdade!

Saudações caros leitores, depois de uma pausa retorno às entrevistas, na verdade a última entrevista dessa temporada. Isso mesmo, depois de uma série de bate-papos com diversos colecionadores, que mostraram suas coleções e seu ponto de vista sobre o colecionismo, encerramos por hora essa seção aqui no blog. Quero agradecer a todos que participaram e colaboraram pra o grande sucesso que foram essas postagens, agradeço também a todos que acompanharam esse trabalho. Pra encerrar com chave de ouro nossa temporada de entrevistas, apresento o amigo colecionador Ricardo Beluchi, que vai falar um pouco de sua coleção e do seu site, Falcon - O Herói de Verdade!

Yanker: Saudações camarada, apresente-se pra nossos leitores.

Ricardo: Opa, meu nome é Ricardo Beluchi, tenho 36 anos.

Sou colecionador há 10 anos e dono do site “Falcon - O Herói de Verdade”

Yanker: Como foi seu primeiro contato com as figuras de ação, e mais precisamente com o Falcon?

Ricardo: Meu primeiro contato com figuras de ação foi com o Homem-Aranha da Brinquedos Rosita, em 1982 mais ou menos... Era um boneco bem tosco de plástico injetado, com articulações nos braços e pernas.

O meu primeiro Falcon foi o Escudo Atômico, que ganhei da minha avó em 1983. Eu adorava a figura, cheia de detalhes, cabelo de verdade e articulações.

Yanker: O que te levou a colecionar? Qual seu primeiro item já como colecionador?

Ricardo: Saudosismo. Isso me levou a colecionar. Sempre gostei desses bonecos, sejam eles grandes como o Falcon ou pequenos como Playmobil. Eu já tinha alguns poucos que sobraram da minha infância, meio destruídos que estavam guardados.

Um dia fui visitar um evento de animes e lá havia um stand do finado grupo BRAJOES, foi aí que descobri que havia outros, que eu não estava sozinho!

Fui atrás e comecei a descobrir a internet, grupos, fóruns, fui vendo que havia um mundo todo desconhecido para ser explorado por mim... e aqui estou eu hoje!

Yanker: Qual o foco da sua coleção hoje?

Ricardo: Meu foco principal sempre foi Falcon (e seus primos estrangeiros, como Action Man e GI Joe), Comandos em Ação e GI Joes RAH. Até eu conhecer os Hot Toys e Cloth Myths!

Mas com tanta coisa legal saindo é impossível manter um foco só...

Hoje eu tenho Falcon, GI Joe, Hot Toys, Cloth Myths, Motu Classics, DC Universe, etc...

Yanker: Qual seu Falcon preferido e qual o que te deu mais trabalho pra conseguir?

Ricardo: O meu preferido é justamente o Escudo Atômico, igual ao meu primeiro, presente da minha avó.

O que está me dando mais trabalho para conseguir na verdade é o aliado do Falcon, o Condor!

Tenho um, mas estava com as partes cromadas meio ruins, depois teve um acidente e ele caiu da estante quebrando a sunga.

Pensei em comprar outro, mas o valor de itens Estrela subiu vertiginosamente nos últimos anos, o que me fez desistir da ideia.

Então alguns anos depois com ajuda de um amigo, consegui uma nova sunga zerada, mas ainda faltava cromar as peças desbotadas.

Tentei várias técnicas e nenhuma deu certo ainda. Indicaram-me um spray de cromo. Comprei e apliquei, mas só de manusear ele saiu completamente na minha mão...ou seja, o Condor ainda está desmontado, tentando voltar a vida!

Yanker: Além de figuras de ação, você tem algum outro tipo de coleção?

Ricardo: Coleciono quadrinhos.

Até o ano passado colecionava tudo que saía de quadrinhos do Superman, meu herói preferido.

Mas acabei me desfazendo de tudo, logo depois do famigerado Reboot da DC, os quadrinhos ficaram horríveis, então agora só coleciono encadernados de sagas antigas.

Yanker: Fale um pouco sobre o site, Falcon - O Herói de Verdade!

Ricardo: Esse site surgiu na verdade como um trabalho de faculdade, tive a ideia de fazê-lo para apresentar um trabalho sobre HTML. Mas acabei deixando na rede, pois notei que haviam acessos quase diariamente, com o passar do tempo peguei gosto e comecei a aumentar o conteúdo , pesquisar assuntos voltados ao Falcon, inserir fotos, downloads de vídeos,mp3, HQs, enfim, tudo que pudesse servir de acervo e facilitar o acesso para colecionadores e entusiastas.

Hoje o site já conta com mais de 66 mil acessos, acho um número expressivo, inclusive já participei de algumas matérias em colaboração com outro site estrangeiro.

Yanker: Alguns consideram o Max Steel o sucessor do Falcon nessa geração. Qual sua opinião sobre isso e sobre o boneco?

Ricardo: O Max Steel começou com tudo para ser o sucessor do Falcon: umas aventuras legais, acessórios, uma história interessante. Mas a Mattel, por pura ganância começou a diminuir cada vez mais os custos de produção e foi deixando o boneco cada vez mais básico, sem graça... as roupas forma substituídas por corpos esculpidos, acessórios passaram a ser esculpidos nas próprias mãos e deixaram de ser removíveis. Isso sem contar o absurdo de que alguns modelos vem com pintura apenas na frente, as costas vem totalmente na cor do plástico. Ou seja, o pobre Max que tinha uma carreira tão promissora pela frente hoje é apenas uma sombra do que já foi... infelizmente.

Yanker: Você acha que é possível ou viável a volta do Falcon às lojas?

Ricardo: Possível? Até alguns anos atrás sim, hoje não.

Viável? Não.

Explico: A Estrela anda mal das pernas... isso todo mundo sabe.

O Falcon possui um apelo para muitos colecionadores, a maioria dos meninos dos anos 70 e começo de 80, de 84 para frente já é a geração “Comandos em Ação”.

Para o resto do grande público, até mesmo para outros colecionadores não passa de um boneco feio e tosco, se comparado as figuras atuais.

Esse público é restrito, pois já são homens de 35, 40, 45 anos, geralmente com situação financeira definida. Isso é bom? Não. Pois como falei são restritos.

A Estrela não vai relançar o Falcon, isso eu posso afirmar por diversos fatores:

1º A Estrela detém o nome Falcon, o molde do corpo cabeça e afins pertence a Hasbro. Ela não vai deixar a Estrela fabricar aqui, uma vez que a mesma possui representante legal no país. Sendo assim o máximo que ela poderia fazer era importar um boneco de 12” polegadas, como os peacekeepers e colocar em uma caixa chamado-o de Falcon e pronto. Estaria relançado, assim como ela fez com os “Novos” Comandos em Ação, um fracasso retumbante...

2º Os colecionadores de Falcon são extremamente exigentes, muitas vezes fanáticos, pagam muito mais caro por um item Estrela, sendo que o Hasbro (Na verdade o original, de melhor qualidade) custa em média ¼ do preço. Imaginem se vissem nas prateleiras das lojas um boneco Xing-ling com o nome do seu herói da infância! Era até capaz de haver manifestações, hehehe...

3º Imaginemos que a Estrela, mesmo com os itens 1 e 2 relançar o Falcon. Imaginem o gasto para reativar uma linha de produção completa, desde o plástico/moldes até roupas dos bonecos e embalagem... imaginem o preço que chegariam às lojas???

Será que venderiam? Venderiam bem no primeiro ou segundo mês, dada a novidade e hype dos fãs... depois quem comprou, comprou... ou seja os colecionadores restritos que eu já havia falado, os mercenários que comprariam para vender para os gringos via Ebay e um ou outro saudosista. O grande público passaria batido, assustado com o preço e por não conhecer o passado do brinquedo. Ainda mais agora com essa nova lei que proíbe toda e qualquer publicidade voltada aos pequenos... e todos sabemos, qualquer brinquedo para criança precisa de propaganda, um desenho animado, algo que aproxime o produto do consumidor.

Ou seja, infelizmente nunca mais veremos o Falcon de volta as prateleiras das lojas, pelo menos não como o conhecemos.

Yanker: Qual sua visão da situação do mercado nacional hoje em relação a figuras de ação?

Ricardo: Péssima e tende a piorar nos próximos anos.

As grandes fabricantes tem seus representantes aqui, mas a distribuição deles chega a ser péssima. Hasbro, Mattel, entre outras trazem coleções pela metade, pulam waves, entregam em um centro comercial e em outro não...

As pequenas empresas nem se falam... muitas devem ter gasto milhões de reais para obter licenciamentos, porém agora não poderão mais usar.

Recentemente duas empresas tradicionais voltaram a desenvolver e fabricar brinquedos aqui, ao invés de importar simplesmente.

A MIMO e a Brinquedos Bandeirante produziram heróis Marvel e DC respectivamente, um ato muito bom que gerou renda e empregos, mas será que com a nova lei anti-publicidade infantil conseguirão se manter sem divulgar seus produtos??

O país anda atravessando uma onda de “politicamente correto” mais hipócrita que eu já vi, há um boato correndo por aí que está para ser proibido qualquer brinquedo que contenha armas, ou acessórios que lembrem armas.

Já imaginaram GI Joe sem suas armas? Thor sem martelo? Ninjas sem espadas?

Pior, já imaginaram se Hasbro, Mattel e outras vão se dar ao trabalho de re-embalar seus produtos retirando as armas para vender no país ou simplesmente vão parar de importar os mesmos para cá...deixo essa pergunta para vocês refletirem.